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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lab de Corpo II - Relatório dos Relatórios I (visita à Igreja Universal) - Karina

No que tange à relação corpo ambiente, os relatórios citam os estados corporais dos fiéis como um estado de submissão diante do local, do discurso, da pessoa do pastor. Este, por sua vez, foi percebido por Jorge como um líder que se coloca acima dos fiéis, fisicamente inclusive, pois, segundo Luna, estava num “palco” enorme. Jorge e Luna enfatizaram ainda a amplificação da voz pelas caixas de som espalhadas pelo local. A maioria classificou o discurso do pastor como opressor e manipulatório, bem pensado e articulado para essa finalidade. Thiago trata do discurso como unilateral e com lacunas epistemológicas, porém, bem respaldado em questões metafísicas e abstratas. Luna, Camila e Sol destacaram alguns mecanismos do pastor para prender a atenção dos fiéis; Sol fala da solicitação de respostas corporais como levantar e bater palmas. Luna e Camila relatam que o pastor pedia que as pessoas ficassem olhando para ele ou fazia perguntas para se certificar de que elas estavam atentas.
Outras observações sobre os estados corporais dos fiéis durante o culto foram; movimentos como balançar o tronco pra frente e pra trás, abrir e fechar a mão ao rezar, movimentações que Lucas associou a uma espécie de transe. Sol e Luna observaram que, quando as pessoas receberam dos obreiros (funcionários que ajudam na organização do culto) uma folha de papel com a palavra genuflexório, elas se ajoelharam sobre essas folhas e começaram a gritar, bater as mãos nas cadeiras e balançar o corpo, numa espécie de catarse.

Outro ponto de contato entre os relatórios foi a referência à edificação suntuosa e imponente, dentro da qual, segundo Luna, as pessoas pareciam pequenas. Lucas, inclusive, trata a imponência da igreja, junto com a voz do pastor como representação do “divino”, diante do qual as pessoas se comportam de forma submissa e reverente.

Houve também comentários sobre os estados corporais do grupo que fez a visita. Foram comentadas as sensações de medo, ansiedade, curiosidade e apreensão diante do que poderiam encontrar pela frente. Em seu relatório, Isaura fala bastante dos próprios estados corporais, do seu “estranhamento”, da sua apreensão a respeito de como se vestir e agir naquele local, afirma sentir a angústia desse ambiente com suas câmeras e microfones, discurso manipulatório, pessoas sofrendo, se lamentando. Ainda sobre o vestir e o agir, alguns colegas relataram a estratégia de entrarem de dois em dois ou sozinhos e vestidos de acordo com o ambiente. Luna usou a expressão “para nos camuflarmos no ambiente”. Lucas fez relação dessa questão de tentar passar desapercebido com a idéia do desaparecimento, dizendo que, devido à apreensão da turma, a maioria deles tentou desaparecer entre os freqüentadores da igreja.

Isaura e Thiago relacionaram a Igreja Universal, com o capitalismo financeiro, Isaura percebeu o local como uma empresa com uma hierarquia de funções (pastores, obreiros, seguranças) que eram exercidas com eficiência dentro das estratégias manipulatórias da cerimônia. Falou também sobre a venda do perdão e do lugar no céu, além de levantar uma questão sobre quais seriam as estratégias de mercado utilizadas pela instituição. Ambos questionam o que leva as pessoas a seguir esse tipo de ideologia. Thiago ainda enfatiza que é curioso, numa época em que o conhecimento deveria tornar as pessoas mais céticas, alguns ainda se submeterem a essa ideologia do corpo como agente do pecado, requerendo culpa e arrependimento. A questão da culpa como elemento incentivador da adesão foi colocada também por Jorge, Sol e por Camila, que coloca também a idéia de punição quando afirma que o discurso toca os fiéis e os faz ter a “dimensão de onde teoricamente podem chegar se não medirem seus atos”.

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