RÁDIO

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Estudos sobre o "desaparecimento"

Essas reflexões referem-se ao trabalho trazido para sala de aula por mim, Lucas Valentim, na segunda-feira 13/04.
  • Desde de 2007 quando ingressei nessa instituição venho desenvolvendo trabalhos téorico-práticos que se voltam para a ideia de improvisação como um possível espaço de investigação e produção artística. Em 2008, a partir de uma discussão no módulo de Estudos Críticos e Analíticos III, lancei um olhar sobre o mote "desaparecimento", e venho desde então levantando questões, propondo experimentações e apontando possíveis aproximações. Foi pensando nisso que organizei a aula da seguinte forma:
  1. Alongamento/aquecimento - a partir de uma proposta de deslocamento no nível baixo atentando para possibilidades de baixo e alto tônus e agregando a isso uma ideia de esconder o sexo, alimentado pela construção cultural de que o sexo deve ser algo implícito.
  2. Entendimento de auto-organização em grupo, noção espacial e composição cênica - consistia no deslocamento dos estudantes pela sala passando de mão em mão uma caneta, sendo que esta deveria ser passada da forma mais discreta possível.
  3. Jogo de composição - foi disposto um espaço cênico com quatro cadeiras e quatro estudantes seguindo as indicações de enunciar claramente, "desapareci" e fazia uma ação de desaparecimento ou "eu sou" e completava com uma imagem de desaparecimento.
  4. Organização individual de uma célula pensando nas ideias levantadas.

Após o termino da aula sentamos para uma rápida conversa onde foram levantadas questões do tipo:

O desaparecimento está mais relacionado com foco e recorte, ou seja, com a forma como olhamos para a "coisa" ou com existência ou não dessa "coisa"?

O que é desaparecer e o que é esconder?

Como tratar de "desaparecimento" em um espaço de "aparecimento" que é a cena?

Verificou-se também a partir das formulações individuais que houve uma tendência ao minimalísmo.

  • As propostas feitas no decorrer da aula compartilham da ideia de improvisação estruturada, portanto tratamos ainda de reflexões sobre a restrição e possibilidade.

Lucas Valentim

4 comentários:

  1. Parece-me que dizer que a primeira parte da aula foi um aquecimento recai nos modelos que pregam a separação entre o processo e o produto, ou seja, aquecer para depois, então, entrar nas questões, que no caso da aula, se referem às construções. Para começar... não vejo essa separação na sua aula e lanço a possibilidade de pensarmos a não utilização daquele modelo como forma de introdução para a construção de algo. Se tudo faz parte, devemos pensar em outra forma d etratar, Isso vale como exercício para todos nós.

    Embora a proposta não esteja focada na feitura de uma aula, mas sobretudo, nas proposições criativas de cada estudo especificamente e como elas se organizam em outros corpos,a aula produiu resultados e questões pertinentes.

    A questão do desaparecimento merece um aprofundamento uma vez que pode trafegar no limiar do relativismo e , portanto, confundir o objetivo proposto. É bem verdade que sob o ponto de vista de cada corpo, a resposta sobre o que sería um desaparecimeto apresenta-se extremamete particular, mas cabe , então, ao propositor, deixar claro, os aspectos relevantes e o embasamento adotado sobre o objeto escolhido.Embora o desaparecimento esteja relacionado ao fato de algo, seja qualquer coisa ou alguém, sumir, pode ser visto como uma forma de camuflagem ou mudanças que indiquem o exagero ou o grotesco. Desaparecer pode estar relacionado com o não reconhecimento?

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  2. A discussão sobre desaparecimento, sugere muitas questões, as quais quando tratadas no corpo em espaço "cénico", podem sim, cair apenas no recorte ou modo de ver.
    Mas, por exemplo, o fato de o minimalismo ser recorrente, é um modo de perceber como estamos processando no corpo as indicações acerca da idéia de DESAPARECIMENTO.
    Quais imagens são criadas em cada corpo quando surge essa palavra? Ainda percebo essa idéia como algo na multidão, ou na criação de um espaço em q as evidencias se confundam...
    [a coisa de esconder o sexo e de dizer "eu sou" etc, propõe o desaparecimento num lugar muito mais político, digamos assim, do que o exercício com a caneta, por exemplo.]
    a complexidade dessa idéia demanda uma atenção minunciosa no afunilamento dessas questões quando levadas p/ "cena".

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  3. pô legal pensar essas coisas que você falou Isaurinha, principalmente por que são muitas as possiveis relações com o "desaparecimento", ainda é uma questão pra mim como organiza-las. Talvez esse recorte seja interessante pensar nas ações políticas e nas relações imagéticas, preceber as possiveis relações entre elas e reorganizar exercícios de experimentação.

    Sobre o comentário de Adriana tenho algumas questões:

    Será mesmo que a divisão sistemática e processual de uma aula em aquecimento e proposições criativas reforça a separação entre processo e produto?

    Digo isso, porque quando formulei os execícios que seriam aplicados em sala pensei exatamente em aquecer e preparar o corpo para um trabalho de corpo, mesmo que o encaminhamento já atendesse à questões temáticas. Como no caso do exercício de deslocamento em tônus alto e tônus baixo já pensando na relação com sexo explicito ou implicito.

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  4. Quando se trata de desaparecimento me vem a idéia de "multidão" tbm...........
    Algumas estratégias investigativas me distancia desse pensamento de multidão.
    São inúmeras as formas de investigação com relação ao tema.
    Enquanto teste vai se jogando até uma possivel organização.

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