Sobre a proposta levada para a sala de aula por mim, Karina Leiro, na segunda-feira dia 27/04.
Durante muito tempo tenho trabalhado com o flamenco de maneira que me é muito difícil, a partir da sua rítmica, deixar o código e pesquisar movimentações "novas". Tenho interesse em trabalhar em processos criativos a partir de princípios de flamenco e tinha muita curiosidade em ver como seria a experimentação de vocês, caros colegas =), a partir de princípios de flamenco tais como, marcações rítmicas com os pés, movimentação de mãos e braços, utilização de elementos do flamenco tais como leques, saias, sapatos, castanholas. Tudo isso com a música de alguns compassos do flamenco tocando, em alguns momentos um canto ou mesmo o silêncio.
A aula foi organizada da seguinte forma:
Aquecemos os grupos musculares que seriam mais requisitados durante a proposta, com exercícios de alongamento.
Em seguida, nos posicionamos em círculo, com uma música de compasso flamenco por tangos (compasso quaternário) e fizemos exercícios básicos de marcação rímica com os pés, marcações simples e depois dobradas em cima do compasso, utilizando inicialmente os pés inteiros e depois exercícios articulados. Experimentamos algumas possibilidades de contato/incidência dos pés sobre o chão (pés inteiros, planta, calcanhares, ponta dos dedos, etc.) e algumas possibilidades de divisões rítmicas.
Depois, pedi que as pessoas fossem se deslocando pelo espaço, experimentando possibilidades com os pés, experimentando novas divisões rítmicas, explorando a possibilidade de diferentes níveis e deixando que essas marcações dos pés reverberassem para o resto do corpo. Aos poucos pedi que as pessoas fossem encontrando um par e que trabalhassem perguntas e respostas, sonoras ou não.
Voltamos ao círculo e, com outra música de compasso, desta vez por alegrias (compasso composto de 12 tempos) propus alguns exercícios com as mãos, movimentos circulares com mão fechada, depois aberta, aos poucos fui introduzindo movimentações de braços. Conforme eu ia parando, a pessoa à minha direita ia propondo algo de acordo com os princípios propostos e assim o exercício foi rodando, assim iam sendo agregados movimentos de tronco, cabeça, pernas. Sempre que chegava em mim, eu “puxava” a movimentação para o flamenco, enquanto eles iam “puxando” para fora.
Com essa tensão acontecendo, pedi que cada um fosse experimentando individualmente, enquanto esse processo acontecia fui entregando os elementos para as pessoas: saias, sapatos, castanholas, leque e deixando que cada um se organizasse com eles.
No final, pedi que as pessoas organizassem individualmente ou em dupla uma célula de acordo com o que havia sido experimentado, havia também a possibilidade de se mostrar o processo.
A proposta de Karina foi simples e coerente com o trabalho dela no Flamenco. A maneira como a aula foi tratada não se restringia apenas aos passos dessa dança, propondo uma liberdade criativa em ralaçao ao ritmo do Flamenco e aos objetos característicos da dança, a proposição sugeriu links entre culturas, danças e rítmos...
ResponderExcluirIsso pode enriquecer o nosso olhar sobre as possibilidades de como deslocar certos códgos do flamenco, imbricando diversas corporalidades.
bjs