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domingo, 29 de novembro de 2009

Lab de Corpo II - Relatório dos Relatórios IV (Pagode) - Karina

Luna, Isaura e Camila mencionam o local onde inicialmente seria a visita, no fim de linha da Ribeira, onde a festa havia sido suspensa porque a SUCOM havia recolhido o som. Elas observam que, mesmo assim, as pessoas estavam festejando ao som dos carros com porta malas abertos. Camila e Luna comentaram sobre os shorts curtos das mulheres e fizeram cometários discordantes sobre a dança dos homens, Luna disse que dançavam menos e Camila que dançavam mais que as mulheres.

Já os relatórios de Thiago e Jorge tratam diretamente do ocorrido no segundo local de visitação, a casa de show “Paty Music”, que Thiago afirma ser no bairro de Roma e Isaura no bairro do Uruguai. Sobre esse espaço, Luna e Camila dizem ser climatizado e limpo. Luna diz ainda, em concordância com Isaura, que é espaçoso. Isaura e Camila afirmaram que o espaço era tranqüilo, sem brigas, sem desrespeito e sem muitas manifestações de vulgaridade. Ambas também fizeram observações sobre duas garotas com roupas muito curtas que dançavam em frente ao palco de forma alterada, simulando o ato sexual, estimuladas pelas letras das músicas.

Sobre essa questão do estímulo dado pelas letras das músicas, Thiago ressalta que tem a impressão de que os corpos têm a função de antecipar a narrativa e diz que isso remete a uma volta aos paradigmas já quebrados na pós modernidade, de que dança e música são indissociáveis. Ainda sobre as músicas, Thiago, Luna e Isaura ressaltam o discurso machista/sexista das letras de pagode. Isaura faz uma comparação com o funk do Rio afirmando que, nas letras do funk, as mulheres, ainda que vulgarizadas, tem mais autonomia na conquista, já no pagode, a iniciativa é sempre dos homens e as mulheres são passivas, subjugadas ou, como ressalta Luna, dominadas pelos homens. Luna trata ainda do que considera um contraponto ao discurso machista. Em detrimento dele, os homens requebravam e faziam movimentos que remetiam ao ato sexual, muito próximos uns dos outros. O ambiente de paquera e fervor sexual incitado pelas letras das músicas foi comentado por Isaura e Jorge. Este ainda acrescenta a bebida como fator de incitação.

Thiago ressaltou o objetivo de observar as configurações dos corpos em sua relação com o contexto e as questões político/ideológicas que reverberam nesses corpos, o que vai além de simplesmente observar os códigos da dança propriamente dita. Ele observa ainda as diferentes corporeidades referentes a diferentes tipos de pagode. Quando tocou o partido alto, estilo mais próprio do sudeste, com letras que falam de amor, a movimentação das pessoas era mais fluida, sem muita variação no movimento dos quadris, já quando tocou o pagode mais local, os movimentos eram mais intensos, cortados, explosivos, enfatizando o discurso mais agressivo. Thiago trata ainda da imagem estereotipada projetada pelo Brasil do povo de Salvador como “povo que dança” e faz uma comparação da projeção da imagem do pagode de Carla Perez na década de 90 e da profª. Jackeline hoje, fazendo uma analogia com as figuras de linguagem. A primeira seria metáfora e ambigüidade, as letras eram mais suaves e insinuavam as questões relacionadas ao sexo utilizando duplo sentido. A segunda seria a hipérbole sexual das letras escrachadas onde se fala abertamente sobre os órgãos e o ato sexual. Ele conclui enfatizando a importância dessa visita para um conhecimento mais aprofundado de uma manifestação que, saindo do lugar de subcultura, tem se firmado como cultura de massa da nossa cidade, embora ainda seja barrada em espaços mais elitizados.

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