RÁDIO

domingo, 29 de novembro de 2009

Lab de Corpo II - Relatório dos Relatórios IV (Pagode) - Sol

Relato da última proposta do Laboratório do Corpo II para a observação da relação entre ambientes e suas corporalidades. A idéia era que o grupo se reunisse em um ensaio de pagode que acontece no píer do bairro da Ribeira. O Encontro ocorreu no dia 24 de outubro de 2009, às 22 horas. Com o imprevisto da SUCOM (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município) ter apreendido o som naquela noite, o evento não pode acontecer. O que não impediu as pessoas continuarem no local dançando ao som do pagode que vinha dos automóveis. Foi possível notar que havia uma tentativa de padronização das vestimentas, as mulheres com shorts curtos, blusas coloridas, e os homens bermudas e camisetas. Nas danças, tanto as mulheres como os homens pareciam disputar a atenção um dos outros.

O colega Tiago sugeriu que o grupo se deslocasse para outro estabelecimento próximo para a realização do estudo. Dessa forma, todos seguiram para uma casa de show no bairro do Uruguai chamada Paty Miusic, onde também acontecia um pagode. O objetivo foi investigar a relação entre a corporeidade presente naquele espaço com as suas formas de configurações, além de seus propósitos políticos ideológicos reverberados naqueles corpos dançantes.

O espaço era mais vazio, limpo e fresco, composto por pessoas diversas, contudo, parecidas na forma de vestir e no intuito da paquera, o que com o passar do tempo se tornava cada vez mais nítido. A banda tocava num palco mais alto, com músicas que provocavam um fervor sexual constante, reafirmada pela dança realizada por todos, reforçando sempre uma condição heterossexual cantada por homens, em que as letras em sua maioria subjugavam as mulheres, que eram colocadas para dançar com roupas curtíssimas.
Assim, foi possível analisar como através de organizações corporais formas de pensamentos ideológicos são disseminados, atentando para a estratégia de organização de suas letras que exageram no uso dos verbos de ação, percebendo que há ainda no pagode a necessidade do corpo se subordinar ao discurso sexista elaborado nas composições dessas músicas.

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