RÁDIO

sábado, 14 de novembro de 2009

Relatório de observação no Pagode

por isaura,

Fomos então para a nossa ultima proposta de observação de ambientes e suas corporalidades no Laboratório de Corpo II. A proposta era de irmos para um pagode no píer bairro da Ribeira. E assim fomos, divididos em dois carros acompanhados por nossa professora Adriana seu marido e amiga que assessoravam nossa empreitada nos levando de carro até o local, muito distante de nossas moradas.

Ao chegarmos lá, havia um carro com a mala aberta para explanar o som que tocava o pagode, em volta deste local, muitas pessoas dançando e bebendo. Ali já começa nossa observação. Minutos depois, estranhando todo aquele movimento, fomos informados de que a SUCOM havia recolhido o sistema de som, e que logo, não haveria o pagode que costuma acontecer toda semana.

Sendo assim, acolhemos a proposta do nosso colega Tiago e seguimos para uma casa de show no bairro do Uruguai a Paty Miusic onde também acontecia um pagode. Este local situava-se numa rua de casas e em frente a uma “igreja evangélica”. O ingresso era 10 reais. Adentrando esse espaço fomos revistados pelos seguranças num corredor fechado onde seria a área de fumantes, logo após uma porta que se abria por cordas puxadas por pessoas, do lado direito um bar com bebidas diversas (wisk, cerveja, etc.) e um caixa ao lado vendendo as fichas.

A frente um amplo espaço onde no final situava-se um palco de uns 2 metros e altura, e acima uma espácie de camarote. O chão era úmido e aos poucos muitas pessoas iam chegando. Depois do partido alto, entra uma banda de pagode pouco conhecida, e o som começa a rolar e respectivamente, as pessoas começam a dançar. Muitos casais e muitos homens no local, bem na frente do palco duas garotas com roupas bem curtas e num estado visivelmente alterado riam muito e dançavam uma com a outra muitas vezes simulando um ato sexual estimuladas pelas letras das músicas.

O ambiente era composto por pessoas diversas, contudo, parecidas na forma de vestir, e no intuito da paquera, o que se tornava cada vez mais nítido. As músicas provocavam um fervor sexual constante e a dança de homens e mulheres reafirmava esse sentido fixamente, reafirmando sempre uma condição heterossexual. Sendo essa, umas das questões que mais me chamou a atenção, pois numa comparação com o funk do rio as músicas mesmo nessa relação com o sexo a figura da mulher possui uma autonomia sexual mesmo que vulgarizada, já no pagode sempre são os homens que cantam e as mulheres estão sempre subjugadas nas músicas ou apenas colocadas para dançar, normalmente com roupas curtas.

Dessa forma, posso concluir que esse espaço era muito tranqüilo no que se propõe muitos outros espaços onde acontece esse tipo de musicalidade, como já é sabido, existem casos muito extremos de “violência moral” aceita por mulheres e homens em outros espaços. Ficamos um tempo considerável nesse lugar para perceber as alterações produzidas pelo álcool na relação com a ambiência criada e nada muito imoral ocorreu além das duas meninas já citadas. Impossível também não considerar outra observação que era a presença de uma maioria de negros, o que não é difícil, pois estamos na Bahia, mas que se diferencia de ambientes de jazz, bossa ou chorinho.

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