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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Feira de S.Joaquim - Tarso

Primeira vez na Feira de S.Joaquim, um ambiente diferente, mas não tanto para mim que costumo frequentar feiras e ambientes populares da nossa capital baiana.
Já na entrada duas coisas chamam atenção: o odor, característico de alimentos em estado não muito confiáveis; e a atenção que nosso grupo desperta nas pessoas do ambiente, não que este estado de atenção me surpreenda,mas é perceptivo que nosso papel de observador é rapidamente percebido ao mesmo tempo que flutuamos entre o estado de observador e objeto observado.
Nesta circustância podemos constatar a real interação entre corpo e ambiente, a feira de joaquim com certeza sobrevive sem a nossa presença, mas é muito notável a mudança que causamos enquanto circulamos pelos corredores, e a forma como nosso corpo e atitude também muda para estar presente neste ambiente. As lindas colegas são como luzes numa escuridão, onde passamos elas iluminam os corpos dispostos ao trabalho e (porque não) aos prazeres, falando em prazer curioso como os ítens mais anunciados logo na entrada, são justamente remédios para potência sexual masculina, e tem diversas marcas, todas vendidas de forma ilegal.
Ora ora, mistura de cheiros,gostos e temperos, gente bonita e corpos a mostra, POTÊNCIA, corpo x ambiente, obsevador/objeto observado, isso me lembra algo : BAHIA.
Bahia me lembra algo, cultura, cultura me lembra povo, e a feira me lembra PAGODE.

Aliás este é o fundo musical de todos os corredores, o que também não é surpresa, afinal estamos num ambiente popular soteropolitano, popular no sentido mais "popular" da palavra, diferenças na organização de um shopping por exemplo são poucas (ambos tem corredores,gente,vitrines e interação), a particularidade da feira de são joaquim está justamente no fato de ser algo enraizadamente baiano (africano?) onde as relações acontecem de forma menos discreta, e as regras obedecem a acordos próprios, é um ambiente de "permissividade", onde as diferenças são percebidas e sempre que possível agregadas ao ambiente, prova disso é que os objetos/observadores após meia hora no local sentam-se para degustar uma cerveja e parece que estamos ali há dias, somos rapidamente absorvidos pelo local, tornando-nos parte do grande corpo afro-baiano chamado "Feira de São Joaquim".

Tarso Reis.

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